quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Jesus



Jesus foi na Terra a mais perfeita encarnação do Amor Divino.

E ainda hoje, nos dias amargurados que transcorrem, é para a Humanidade a promessa de Paz, o manto protetor que abriga os aflitos e os infelizes, o pão que sacia os esfomeados das verdades eternas, a fonte que desaltera todos os sofredores.


Apegai-vos a Ele, cheio de confiança!
Ele é misericórdia personificada, o Jardineiro Bendito que jorra, no coração dos transviados do caminho do bem, as sementes do arrependimento que hão de florir na Regeneração e frutificar na perfeita felicidade espiritual.


Ouvi a sua voz no silêncio da consciência que vos fala do cumprimento austero de todos os deveres cristãos, e um dia descansareis reunidos, ligados pelos liames inquebrantáveis da fraternidade além da morte, à sombra da árvore luminosa das boas ações que praticastes, longe das lágrimas do orbe obscuro,
Dos prantos e das provações remissoras!...

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediúnica do Natal. Ditado pelo Espírito Marta. 5 edição. Capítulo 24. Rio de Janeiro, RJ: FEB.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Amanheceu o dia...


O dia apenas amanhecera...

Mas aquele não era um dia comum. Era o primeiro dia de uma nova era que se iniciava para a Humanidade inteira...

A partir daquele acontecimento, o Mundo jamais seria o mesmo. Um acontecimento que constituiria um novo marco na História...

Amanheceu o dia... E as luzes daquele amanhecer se espalharam lentamente sobre Israel para, logo mais, pairar soberanas por sobre toda a Terra...

As almas se aquietaram ante a mensagem silenciosa que envolvia o Oriente...

Os sofredores sentiram que um novo alento chegava para balsamizar seus corações em brasa...

Os cegos vislumbraram uma chama que despontava além da escuridão... E os pobres desprezados ouviram, naquele amanhecer, uma canção de esperança a ecoar por todos os rincões da Terra...

O dia apenas amanhecera... E os equivocados, que se julgavam donos absolutos do poder, sentiram suas bases tremerem diante Daquele que viera investido de todos os poderes e glórias, em nome do Pai...

Os hipócritas se confundiram, e os ricos de alma pobre perceberam a fragilidade de suas posses temporárias...

Em Belém... Ele chega silencioso, puro, soberano, e fica...

Ele reúne os aflitos e os agasalha junto ao próprio peito...

Nada solicita, não exige coisa alguma... Apenas ampara.

Libertador por excelência, canta o hino da verdadeira liberdade, ensinando a destruir os grilhões da inferioridade que prende o homem às mais cruéis cadeias...

Sol de primeira grandeza, espanca com a Sua claridade as sombras dos milênios...

A suavidade da Sua voz mansa acorda as esperanças adormecidas e faz que se levantem os ideais esquecidos...

Ao forte clamor do Seu verbo erguem-se os dias, e as horas do futuro vibram, aprofundando na alma do Mundo os alicerces da Humanidade feliz do porvir...

Jesus, Rei Celeste, aceita como berço a manjedoura de uma estrebaria singela, deixando para a Humanidade a profunda lição da humildade, inaugurando um reinado diferente entre as criaturas.

Senhor do Mundo, deixa-Se confundir com a multidão esfarrapada, espalhando Seu suave perfume entre os sofredores.

Troca as glórias dos céus pelas tardes quentes de Jericó...

Deixa a companhia dos Espíritos puros para caminhar entre os miseráveis de toda sorte...

Aceita o pó das estradas e enfrenta fome e frio para acalentar os infelizes sem esperanças que se arrastavam sobre a Terra.

Abandona os esplendores da Via Láctea para pregar a Boa Nova nas madrugadas mornas de Cafarnaum...

Deixa as melodias celestes para cantar a esperança embalada pela orquestra espontânea da natureza, no cenário das primaveras e verões, entre as aldeias e o lago.

É traído, desprezado e pregado numa cruz...

Mas ressurge numa tranqüila e luminosa manhã para dizer que a Vida não cessa e reafirmar que estaria conosco para todo o sempre...

* * *
O dia apenas amanhece...

É Natal...

Que as luzes desse amanhecer se espalhem lentamente sobre seu coração, sobre o seu lar, sobre a Terra inteira...

E que o suave perfume do aniversariante penetre em sua intimidade, discreto, silencioso e aí permaneça para sempre, para que você possa sentir um Feliz Natal.

Autor: Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1 do livro Primícias do reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.Em 01.12.2008.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Felicidade sem Culpa

(Clique na imagem para melhor visualização)
Evento em Salvador/Ba


Sobre o Palestrante:
Nahon Castro é expositor de verbo leve, gostoso. Dirigente da Concentração Espírita Porto da Alegria, em Salvador (Ba), tem levado a mensagem kardequiana a vários estados brasileiros e aos quatro cantos do interior da Bahia. Adora gente e os temas que dizem respeito à alma humana e à sua constante busca pela Felicidade. Bacharel em Direito, é Professor do Curso de Direito da Faculdade Ruy Barbosa, Professor de Oratória e de Cursos para Concursos e Analista Judiciário da Justiça Federal, em Salvador.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Felicidade em Tudo que se Faça


Em Casa: Transforme a casa onde você mora num lar de convivência agradável. Seja você o elemento que busca a felicidade através da agregação e da harmonia. Transforme sua vida entre quatro paredes num presente e entregue-o àqueles que moram com você...



Com a Família: Faça de sua família o núcleo onde podem ser encontrados seus amigos. A amizade entre os membros de uma família é fundamental para a felicidade do grupo.

Com dinheiro: Considere o dinheiro o instrumento resultante do trabalho digno e com ele você poderá proporcionar a felicidade pessoal e daqueles que convivem com você. Use-o sem se deixar escravizar por ele.

Viajando: Ao viajar transforme seu deslocamento em momentos de alegria pessoal, sua e dos que lhe fazem companhia. Sua felicidade não está em viajar, mas em aprender e crescer enquanto se desloca.


Amando: Seja feliz enquanto está amando alguém. Mostre ao outro que sua felicidade é fruto de seu trabalho interior, o qual recebe a contribuição da pessoa amada. Enquanto ama, ensine aos outros a conquistar o amor em suas vidas para que também eles se sintam felizes.

Na Doença: Busque ser feliz independente de estar doente. A doença é um sinal da necessidade de reflexão e não deve se tornar um empecilho à sua harmonia. Seja feliz com o espírito em paz, mesmo tendo o corpo doente. Corpo e espírito diferem pela essência e aparência.

Sem Culpa: Divida sua culpa comentando-a com alguém para que sua mente se sinta menos pesada. Seja feliz ao saber que a culpa advinda de algo que você fez poderá ser entendida por outra pessoa que também poderia ter feito a mesma coisa que você.

Na Morte: Não chore pela morte nem se entristeça com sua ocorrência. Ela é um convite à sua reflexão sobre a grandeza da Vida e a possibilidade de muito fazer e crescer enquanto você estiver no corpo. Seja feliz, pois, literalmente, a vida continua.

No Sexo: Sua felicidade necessariamente não está relacionada a sua sexualidade, mas é importante que você utilize o sexo com naturalidade e com maturidade. Seja feliz sendo sexualmente maduro.

Desenvolva o hábito de colocar espiritualidade em sua vida. Aprenda a ver o mundo pelo olhar do espírito e seja feliz compreendendo a vida como um dom de Deus. A espiritualidade representa a percepção do espírito sobre o mundo. Veja o mundo com o olhar amoroso do espírito que você é.


Ser feliz em tudo que façamos é meta possível na medida em que estivermos inteiros e conscientes na realização dos próprios atos.

Adenáuer Novaes

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Liberte-se de seu passado


Para que você se liberte de seu passado, é preciso que tome consciência de que ninguém na Terra está seguro de nada, e que todos temos limitações. Seu passado não deve ser seu entrave. Considere que seus equívocos, assim como os limites que a vida o impôs, são motivos para que você cresça em busca de felicidade.

As pessoas que porventura o tenham magoado, devem ser colocadas à conta de auxiliares do seu processo de crescimento e de busca de felicidade. Elas, em si, não representam ameaça nem são culpadas. São, ou foram, apenas instrumentos úteis para que você se conhecesse mais. O que elas fizeram ou fazem a você, e que o incomoda, deve ser analisado como algo que o permite conectar-se ao que internamente ainda não está resolvido. Com elas, você não pode perder a oportunidade de descobrir seu mundo inconsciente, identificando os conteúdos que favorecem a ocorrência de situações de sofrimento a fim de solucioná-las.

Não deixe que o ódio ou a mágoa o impeça de ser feliz. Esses dois são poderosos empecilhos ao amor e à paz. A felicidade passa pelo coração sem mágoas. Lembre-se de que tudo aquilo que você debita ao outro como culpa pelo seu sofrimento aponta para algo em você que ainda não se resolveu.

Quando a angústia atingi-lo, trazendo-lhe tristeza e melancolia, é preciso se lembrar do significado que ela representa. É necessário perceber que, a angústia que muitas vezes nos acomete a alma, advém da saudade de algo indefinido. Essa saudade que se transforma em angústia é a falta de confiança acrescida da incerteza quanto ao próprio futuro. Sentimos saudade de algo ou alguém que não sabemos onde, quando ou se ao menos vamos um dia encontrar.

Sentir saudade, chorar por alguém que não podemos sentir próximo, nos torna seres emocionalmente vinculados ao coração da pessoa querida. Isso, sem o desespero ou a posse, faz bem à alma. É bom sentir saudade e se lembrar de pessoas que fizeram parte de nosso passado e que estejam momentaneamente longe de nós. Pelas portas do coração não existem distâncias. No fio da saudade passa a energia do amor que conecta corações que se amam. Porém, não permaneça muito tempo na energia da saudade. Ela pode viciar e levá-lo a ficar preso ao passado. Com a energia da saudade faça uma oração em favor da pessoa com quem você fez a conexão emocional.

Para se libertar do passado é preciso ter consciência de que ele não deve necessariamente ser esquecido, mas ressignificado. Não tente esquecê-lo, mas lembrar dele como uma experiência que se teve; seja ela boa ou ruim. Quando boa, deve ser lembrada com alegria. Quando ruim, deve ser lembrada como aquela que o ensinou algo.

Não se culpe pelo que fez no passado ou pelo que faz no presente. Se fez, está feito. Se ainda faz, não faça mais e assuma as conseqüências por isso. Lembre-se de que os erros cometidos são lições aprendidas.

O passado culposo e que se deseja esquecer representa o campo da experiência que se viveu, porém, não é a mancha eterna que nos macula a alma. A mácula em nós é a ignorância de acreditar que não temos direito à felicidade. Não há futuro sem passado e todo passado está revestido de ignorância. Não há quem não tenha vivido experiências equivocadas. Na Terra, ninguém esteve, ou está, livre de viver experiências consideradas transgressões à ordem vigente. Transgressões ou não, temos que aprender a vivê-las conscientemente.

Olhando para nosso passado temos, hoje, a clareza de ver que erramos, porém, na época agimos como sabíamos ou tínhamos condições. No futuro, avaliaremos o que fazemos hoje e poderemos também perceber os equívocos ou o que poderia ter sido evitado. Arrepender-se do que se viveu é inevitável, mas o arrependimento só surge mediante a ampliação da consciência e da capacidade de amar. Muitas coisas que nos serviram ontem não nos servem hoje e isso evidencia que hoje somos melhores do que ontem. A culpa impede que percebamos o movimento da vida com liberdade e com o sentimento de realização íntima.

Nossa ignorância nos leva a criar juízes implacáveis na consciência que, de fato, não existem. Eles são frutos da educação, da cultura e de nossa ignorância quanto a nós mesmos. Precisamos colocar na consciência um Criador amoroso e benévolo, compreensivo e paciente, para que não nos punamos por tão pouco. Tais juízes não são maus em si, mas se transformam por conta de nossa facilidade em dar-lhes o poder de nos comandar. Não vivemos sem eles, mas, lhes atribuímos um caráter absoluto.

Muitas vezes, nos sentimos culpados por não alcançar certos desejos, acreditando que somos incapazes. Quando, por exemplo, um casamento não dá certo, por fatores múltiplos, é comum um dos cônjuges se perguntar onde foi que errou e lamentar a perda. O equívoco pode pertencer a qualquer deles, porém, os fatores que levaram à separação física ou emocional estão influenciados por valores pessoais e sociais. Um fracasso não deve representar a perda da própria motivação de viver. Ele representa uma deficiência na estratégia utilizada para alcançar a felicidade.

Na próxima experiência naquele campo em que se fracassou deverá ser utilizada outra estratégia. Pense também que você precisa modificar seu desejo. Ele poderá estar levando-o exatamente para o lado contrário de sua própria busca interior. O tipo de desejo e a forma de alcançá-lo nem sempre estão conectados adequadamente.

Lembre-se de que você deve retirar de cada experiência algo de útil e bom para si próprio. Tudo que lhe acontece é um caminho trilhado que poderá ser repetido ou não, a depender de sua vontade. As situações adversas a enfrentar devem ser vividas em seu momento e não de forma antecipada. Quando isso ocorre, gera ansiedade a qual promove infelicidade. Se você sabe que vai vivê-la, prepare-se para fazê-lo com equilíbrio e de forma a extrair dela o melhor possível.

Nunca se esqueça de que somos filhos do Altíssimo e dele recebemos o bom estigma de alcançar a felicidade. Ela deveria estar em nosso presente e será nosso futuro. Em sua trajetória, deseje o próprio bem pessoal tanto quanto o de qualquer pessoa com quem se encontre. Faça o bem quando você puder, a qualquer pessoa que surja em seu caminho. Não olhe para o passado a ponto de se deter nele. Fixe o presente e o futuro.

(Capítulo do livro Felicidade sem Culpa, de Adenauer Novaes, Fundação Lar Harmonia)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre Estar Sozinho


Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.

Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.

– Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

Flávio Gikovate

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O Poder do Diálogo

Tenho observado que as pessoas estão perdendo a habilidade para conversar. Será que o diálogo, no mundo atual, tão veloz, perdeu a importância?

por Eugenio Mussak


– E aí, Roberta, quanto tempo, não é mesmo? Como é que vai a vida? E o Claudio, como está? – disparei, perguntando várias coisas ao mesmo tempo, marca registrada dos encontros após separações longas.

– Eu vou bem, trabalhando muito, terminei o mestrado – e emendou uma explicação sobre sua dissertação. Eu sempre a tive na conta de uma pessoa muito inteligente e focada; não tinha dúvidas sobre seu sucesso acadêmico. Ela falava com entusiasmo de suas atividades, mas nenhuma palavra sobre sua vida pessoal, seu casamento.

– Parabéns, menina, eu sabia que você iria para o topo. Mas, e o Claudio? Ainda está na mesma empresa? Continua jogando bola?

– Pra dizer a verdade, não sei o que ele tem feito. Estamos separados há mais de um ano. Ninguém te contou? Não, ninguém havia me contado, até porque não tínhamos muitos amigos em comum. Mas aquela notícia teve em mim um efeito estranho, foi como se alguém me contasse da queda de uma instituição. Eu considerava a relação deles muito boa, um exemplo.

– Puxa, que pena. Mas o que aconteceu? Vocês sempre foram tão unidos, ou pelo menos pareciam ser.

– Não sei bem, só posso te dizer que, com o tempo, as coisas foram mudando, até que sentimos que não tínhamos mais diálogo. Enquanto nós conversávamos sobre nossos planos e dilemas pessoais, a coisa ia bem. Quando paramos de falar, de abrir o peito, de juntar os corações, o caldo desandou. Preferimos nos separar antes que acabasse o respeito, já que o amor parece que tinha ido embora. Eu também acho que foi uma pena, mas posso te dizer que foi bom enquanto durou.

A querida Roberta acabou por fazer uma rápida análise técnica do fim de sua relação: “Foi bom enquanto durou, e acabou por falta de diálogo”. É duro dizer se o amor se dissolveu pela falta de diálogo ou se este se rarefez pela volatilização daquele.

A lição que fica dessa história é que o diálogo, a comunicação, a abertura dos corações – no dizer da Robertinha –, seja sintoma, seja causa, merece atenção especial, pois pode ser o remédio para todos os males, uma vez que ele permite a unificação das ideias, dos sentimentos, dos sonhos e também das mágoas, que só podem ser resolvidas se forem trazidas à luz, se se fizerem claras, evidentes. Se se construir uma ponte para ligar almas.

Essa ponte é o diálogo. De repente me lembrei de um poeminha que cometi há muitos anos, quando fui paraninfo de uma formatura: “Escolha ser uma ponte, caro jovem, nunca um muro/ Pontes unem, muros separam/ Pontes colocam corações a dialogar/ Muros emudecem as intenções e debilitam almas/ Escolha ser uma ponte para alcançar o futuro/ Uma simples ponte. Mas uma ponte que mostre o caminho do amar”.

Não, o diálogo não perdeu importância no mundo atual, veloz, globalizado, tecnológico, cibernético, bloguista, twiteiro. Só que ele tem sido, aparentemente, menosprezado por quem acha que ele não combina com a modernidade e, principalmente por todo homem ou mulher que colocou, por sua culpa ou não, a pirâmide dos valores humanos de cabeça para baixo.

Esclareça-se: o diálogo é uma intenção, independente do meio. É possível manter um excelente diálogo através de ferramentas como skype, o MSN, o SMS e afins. Ferramentas que podem ser bem ou mal utilizadas, como tudo na vida.

Como o verdadeiro diálogo ocorre? – A um monólogo com você, pre-firo um diálogo comigo mesmo! A frase-desabafo acima pode ser uma piada, ou parte dela, mas contém uma verdade, pois não é incomum que aquilo que parece ser um diálogo – duas pessoas conversando – na verdade seja um discurso unilateral, em que um dos dois fala e o outro apenas ouve. Ainda que isso às vezes seja necessário, não estamos diante de um diálogo.

Saber dialogar é mais que saber falar. Dialogar pressupõe ouvir e analisar, antes de responder. “Dialogar é saber ouvir sem julgar, sem tomar posição imediatamente. É saber respeitar, incluir, usar os filtros mentais adequados. Dialogar é não tomar partido, definir o que está certo ou errado, não excluir aquilo que não faz parte da minha visão pessoal”, diz a psicóloga Lamara Bassoli, que é coordenadora da Escola de Diálogo de São Paulo.

Sim, existe uma instituição que se destina a ajudar as pessoas e as empresas (que nada mais são que conjuntos de pessoas) a recuperar a capacidade de dialogar e, a partir disso, promover a “transformação das experiências humanas e a ampliação da consciência”, na visão de seus fundadores (saiba mais no site: www.escoladedialogo.com.br).

O diálogo é a essência da vida, considerando que a vida é um conjunto de interações.

“Dialogar é prestar atenção, é uma religação consigo mesmo, com o outro, com o ambiente, com a natureza”, continua Lamara, que fala com doçura, sempre olhando nos olhos de seu interlocutor. Pode parecer estranho ter de haver uma escola para ensinar o diálogo, mas a ideia não é exatamente nova. A educação dos jovens na Antiguidade – leia-se Grécia – já pensava nisso. Educar era – e ainda é – a maneira de estimular os jovens a viver autonomamente e a colaborar com a polis, a sociedade, que na época dos gregos antigos era concentrada na vida da cidade.

Havia, nas cidades-estados gregas, um espaço destinado exclusivamente à prática do diálogo: a Ágora, o local para as trocas, para o exercício da política, do comércio, das ideias em geral. A Escola do Diálogo tem um espaço semelhante, destinado a estimular o diálogo livre, rico, respeitoso.

Então é possível aprender a dialogar, a melhorar a capacidade de comunicarse e de entender o outro? Na Antiguidade, quando a formação dos jovens começou a se tornar uma atividade social da maior importância, o estudo foi dividido em dois grandes capítulos. Um era o das Habilidades Ocupacionais, que procurava dar ao jovem um ofício, uma competência técnica, operacional, artesanal, algo com certo caráter científico, que lhe permitia ser o que hoje chamaríamos de empresário, empreendedor ou técnico especializado.

O outro capítulo, destinado principalmente aos jovens das classes mais privilegiadas, era composto pelas Artes Liberais, um conjunto de estudos cujo propósito é o de prover os jovens de conhecimentos e habilidades que lhes permitiriam manejar com mais facilidade as necessidades do cidadão, do indivíduo que vive em sociedade e é capaz de usar sua influência para viver feliz produzindo o bem.

As chamadas Artes Liberais estavam divididas em dois capítulos: o Trivium e o Quatrivium. Estes, por sua vez, tinham suas disciplinas. O Trivium era composto por gramática, retórica e dialética. E o Quatrivium se dividia em aritmética, música, geometria e astronomia.

Perceba que o Trivium tinha a finalidade de desenvolver o homem como ser estruturado para a comunicação. A gramática nos ensina a lidar com as palavras, a lógica na construção das frases, a beleza da linguagem. A retórica é a arte do falar, do discurso, da externalização das ideias. Já a dialética pressupõe a contraposição das ideias como meio para elevar o pensamento.

Em outras palavras, você estará preparado para viver em sociedade, para usufruir dela e para colaborar com ela, quando souber organizar suas ideias, quando tiver a habilidade para explicá-las e, claro, quando estiver preparado para ouvir o outro.

Só depois de estarem prontos para o diálogo é que os jovens estudantes eram apresentados às teorias dos números, da matéria e do espaço. Primeiro o homem, depois a ciência. O pensamento precisa do número, mas o número se perde em uma mente não preparada. E tal preparo vem da capacidade de análise, síntese e dedução. A indução vem depois.

Como se vê, dialogar é fundamental para a própria condição humana. O diálogo com outros começa pelo diálogo consigo mesmo, que deriva da justaposição das ideias, da fricção entre valores, do choque dos desejos, da priorização das necessidades. Sempre haverá dois, ainda que dentro de um. E onde há dois surge a oportunidade do diálogo, do engrandecimento pelo compartilhar, do enobrecimento pelo aceitar, da humildade pelo aprender.

Se olharmos mais de perto veremos que o diálogo é a essência da vida, considerando que a vida é um conjunto de interações. Em seu livro A Segunda Criação, o biólogo inglês Ian Willmut, famoso por ser o “pai” da ovelha Dolly, o primeiro mamífero gerado pelo processo de clonagem, escreve sobre o diálogo como fonte de vida. Diz ele: “Os genes não operam isoladamente. Eles estão em diálogo constante com o resto da célula que, por sua vez, responde a sinais de outras células do corpo que, por sua vez, estão em contato com o ambiente externo. Quando esse diálogo não se processa corretamente, os genes saem de controle, as células crescem desordenadamente, e o resultado é o câncer”.

Interessante a visão do geneticista: o câncer é resultado da falta de diálogo. Podemos estar falando do câncer orgânico, tumoral, mas também do câncer social, das relações, que mata igual, se não um organismo, uma relação, uma amizade, um negócio, um casamento. Como foi o caso de meus amigos Roberta e Claudio, ambos ótimas pessoas. Pena que o diálogo deixou de participar dessa relação, que deve ser a três para que seja um só.

Fonte: Revista Vida Simples, 91, abril de 2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Felicidade em Tudo que se Faça


Em Casa: Transforme a casa onde você mora num lar de convivência agradável. Seja você o elemento que busca a felicidade através da agregação e da harmonia. Transforme sua vida entre quatro paredes num presente e entregue-o àqueles que moram com você...

Com a Família: Faça de sua família o núcleo onde podem ser encontrados seus amigos. A amizade entre os membros de uma família é fundamental para a felicidade do grupo.

Com dinheiro: Considere o dinheiro o instrumento resultante do trabalho digno e com ele você poderá proporcionar a felicidade pessoal e daqueles que convivem com você. Use-o sem se deixar escravizar por ele.

Viajando: Ao viajar transforme seu deslocamento em momentos de alegria pessoal, sua e dos que lhe fazem companhia. Sua felicidade não está em viajar, mas em aprender e crescer enquanto se desloca.

Amando: Seja feliz enquanto está amando alguém. Mostre ao outro que sua felicidade é fruto de seu trabalho interior, o qual recebe a contribuição da pessoa amada. Enquanto ama, ensine aos outros a conquistar o amor em suas vidas para que também eles se sintam felizes.

Na Doença: Busque ser feliz independente de estar doente. A doença é um sinal da necessidade de reflexão e não deve se tornar um empecilho à sua harmonia. Seja feliz com o espírito em paz, mesmo tendo o corpo doente. Corpo e espírito diferem pela essência e aparência.

Sem Culpa: Divida sua culpa comentando-a com alguém para que sua mente se sinta menos pesada. Seja feliz ao saber que a culpa advinda de algo que você fez poderá ser entendida por outra pessoa que também poderia ter feito a mesma coisa que você.

Na Morte: Não chore pela morte nem se entristeça com sua ocorrência. Ela é um convite à sua reflexão sobre a grandeza da Vida e a possibilidade de muito fazer e crescer enquanto você estiver no corpo. Seja feliz, pois, literalmente, a vida continua.

No Sexo: Sua felicidade necessariamente não está relacionada a sua sexualidade, mas é importante que você utilize o sexo com naturalidade e com maturidade. Seja feliz sendo sexualmente maduro.

Desenvolva o hábito de colocar espiritualidade em sua vida. Aprenda a ver o mundo pelo olhar do espírito e seja feliz compreendendo a vida como um dom de Deus. A espiritualidade representa a percepção do espírito sobre o mundo. Veja o mundo com o olhar amoroso do espírito que você é.

Ser feliz em tudo que façamos é meta possível na medida em que estivermos inteiros e conscientes na realização dos próprios atos.

Adenauer Novaes

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A morte em nossa vida


Todo mundo sabe que a única coisa verdadeiramente certa na vida é que vamos morrer. Então por que temos imensa dificuldade em lidar com esse tema tão humano? A morte em nossa vida
Eugenio Mussak


– Não, estou curiosa – respondeu Daisy Fuller, que então sorriu e, como que para fazer as pazes com a vida, começou a contar à filha um segredo do passado: sua relação com um tal Benjamin Button, homem que nasceu velho e foi rejuvenescendo até morrer como um bebê. O relato era um desabafo e Caroline termina por descobrir que o fantástico homem era seu próprio pai.

A passagem acima foi retirada de um conto do escritor americano F. Scott Fitzgerald, que foi publicado em 1921 e em 2008 virou o filme O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido por David Fincher e interpretado por Brad Pitt e Cate Blanchett. Conta a história de um homem que tem uma trajetória de vida oposta à natureza humana: ao invés de envelhecer, ele rejuvenesce. Quando escreveu o bizarro conto, Fitzgerald estava subvertendo a maior das angústias humanas: a percepção do envelhecimento e a certeza de seu epílogo, a morte.

Se púdessemos escolher, preferiríamos ver nosso corpo melhorar com o tempo, não deteriorar-se inexoravelmente como um prenúncio do fim. Como não temos esse poder, só nos resta a imaginação, com a ajuda da literatura e do cinema.

Mas Benjamin Button não é Connor MacLeod, o Highlander, o imortal guerreiro escocês nascido no século 16. Benjamin vive o tempo de uma vida, e mostra que ainda que tentemos – e até certo ponto consigamos – segurar o tempo, não teremos como vencer a morte. A anciã Daisy conhece essa verdade e lida com ela com a sabedoria de quem viveu intensamente. Por isso não teme, apenas está curiosa.

Este é um tema campeão na literatura universal, empatando, talvez, com o amor. E ambos estão, comumente, ligados, como em um Romeu e Julieta em distintas versões. É possível que amemos tanto a vida porque temamos tanto a morte. Mas devemos então evitar a vida para ter a ilusão de não morrer, como alguém que não quer um cãozinho porque sabe que vai sofrer quando ele morrer? Não, pois o mistério da morte não é maior que o mistério da vida, uma categoria pertence à outra. Perceba que viver pressupõe morrer, e morrer significa ter vivido. São indissociáveis. Estamos diante de um mistério único que, por escapar à nossa compreensão e ao nosso controle, nos angustia e infelicita.

Certo esteve Epicuro ao dizer que não temia a morte pelo simples fato de que jamais a encontraria, pois enquanto ele estivesse vivo a morte não estaria presente, e quando ela aqui estivesse ele não estaria mais. O argumento do filósofo tem uma lógica perfeita. O problema é que nós não encaramos a morte com a lógica e sim com a emoção.

Como seres pensantes que somos, tentamos racionalizar repetindo aquelas verdades que no fim não consolam, como “Para morrer basta estar vivo” ou “Começamos a morrer quando nascemos”. São frases epicuristas, todas encerram uma verdade, só que, quando o assunto é a morte, preferiríamos a mentira, a ilusão da imortalidade, o engano de que só existe vida.

“Eu não quero ser imortal por minha obra. Quero ser imortal não morrendo”, desabafou Woody Allen, em um de seus momentos geniais. Lamento, Woody, mas não será possível. O que nos resta é viver como se não fossemos morrer, pensando e glorificando o milagre da vida, senão morreremos antes de morrer, como explicou Freud em seu O Mal-estar na Civilização, onde coloca a perspectiva da morte como uma das principais causas da infelicidade humana. Morrer antes de morrer significa não viver apesar de estar vivo.

A lógica de Epicuro, a ciência de Freud e o humor de Woody Allen estão todos certos, errados estamos nós que sofremos pelo que não controlamos porque nos acostumamos a pensar que somos deuses, que a razão nos dá o controle, que a vontade é infinita. De repente descobrimos nossas limitações e nos desesperamos. Eu e você morreremos, sim, e isso está certo. O errado é morrer antes de morrer, é não encarar a vida com humor e gratidão, é perder a oportunidade de deixar este mundo melhor com a própria presença.

Expirando em seu leito, o imperador Augusto, por exemplo, pediu um espelho para ajeitar as madeixas e disse aos que o amparavam: “Se vocês gostaram da encenação, aplaudam, para que eu possa sair de cena feliz”. Certo o romano. Morrer é sair de cena, e só nos resta aceitar que a peça terá um fim e que devemos interpretar nosso papel como virtuoses deste teatro fantástico.

O segredo para não sofrer com a morte não seria acreditar que ela é apenas uma fase da vida eterna? O segredo para mitigar o sofrimento está, sim, em acreditar em algo, pois o que nos mortifica é a dúvida. O homem é feito de razão, emoção e crença, e esta última é construída a partir da matéria que compõe as duas primeiras. Crenças são criadas a partir de valores e desejos, existem para tornar nossa vida melhor e só podem ser questionadas por quem as possui. Epicuro, por exemplo, antecipou a teoria atômica dizendo que tudo é formado por minúsculas partículas em movimento, e acreditava que isso valia para nosso corpo e também para nossa alma. Dizia que o homem e sua alma nada mais são que matéria em movimento, e que quando esse movimento fosse interrompido não restaria mais nada, seria nosso fim. Essa era sua crença, o que lhe deu tranquilidade até para brincar com esse destino.

Já para os budistas, a morte é uma ilusão, pois nada morre de verdade, muito menos a alma, nossa verdadeira essência. O que importa é alcançar o nirvana, o paraíso. Este seria um estado psicológico elevado, amoroso e sem ansiedade, o que só pode ser alcançado com desapego e meditação. Em outras palavras, para alcançar o nirvana do céu e virar eterno, o homem precisa construir seu próprio nirvana na terra, a partir de suas atitudes.
Aparentemente opostos, os pensamentos epicurista e budista têm algo em comum. Ambos creditam à vida como a conhecemos todo o mérito. Para o epicurismo esta é a única vida, portanto merece ser vivida plenamente; para o budismo o nirvana final, espiritual, só será alcançado através do nirvana terrestre, psicológico. Ambas as teorias propõem que se dê valor à vida, procurando fazer o bem e transformando- a em algo que valha a pena.

Já que não podemos fingir que a morte não existe, só nos resta criar a crença mais confortável. A morte é um mistério, mas a vida também é. Só que temos a ilusão de entender a vida porque ela pode ser percebida pelos órgãos dos sentidos. Medimos, pesamos, tocamos a vida. A morte não, ela é metafísica, está além de qualquer interpretação lógica. Sabemos o que é o fim da vida, mas não sabemos o que é a morte.

Como não sabemos, só nos resta acreditar. E crença é imaginação, não certeza, mas seu poder é irrefutável, pois é capaz de usar os pensamentos para acalmar os sentimentos. No fim é isto que importa, pensar e sentir para poder viver. Há apenas dois modos de abordar a morte enquanto existe vida: ignorá-la ou pensá-la. A primeira de nada adianta, enquanto a segunda ao menos traz mais cartas para o jogo da vida, criando novas perspectivas.

A morte também está presente nos fatos do cotidiano, nas separações, nos fins de ciclo. Não deveríamos estar mais acostumados a ela? No fundo, o que assusta na morte são três fatores: o desconhecido, que é sempre amedrontador; a resistência a abandonar a vida, o que é próprio dos instintos; e, digamos, a passagem, que pode estar carregada de sofrimento. Como diz um amigo meu, com seu humor peculiar: “Acredito que a vida e a morte sejam, ambas, boas. O problema é a transição”.

Estamos, sim, acostumados com a ideia da morte. Nós provavelmente nunca nos acostumaremos é com a presença da morte em nossas vidas. Aceitamos a morte, pois somos racionais, mas reagimos fortemente a ela em duas circunstâncias: quando é prematura ou quando é próxima.

Não gostamos de saber que gente jovem morre, não parece natural. Há um quê de injustiça nos soldados que não voltam da guerra, nos rapazes e moças que se misturam às ferragens de seus carros nas noites de fim de semana, nas crianças com leucemia nos hospitais ou com fome nos países miseráveis. Ninguém deveria morrer sem ter tido a chance de viver bastante, pensamos.

Como também não gostamos da morte por perto, ceifando alguns dos nossos, levando nossos avós, convocando nossos pais. É quando a morte é má de verdade, porque nos priva de nossos entes queridos e porque se faz lembrar, se mostra com força e faz questão de deixar claro que vai voltar, é apenas uma questão de tempo.

Pelo menos a maioria de nós tem motivos para se alegrar por ter vivido. Seja qual for o mistério, a aventura de viver é muito boa, apesar dos percalços, claro. Não é possível não conhecer o sofrimento, pertence à nossa condição de viventes. E entre eles, às vezes camuflada pelo cotidiano, está a morte, espreitando.

A fé, a psicologia, a filosofia, a literatura, o misticismo, todos são pródigos em abordar o tema da morte, mas nunca um desses construtores do pensamento humano teve coragem para negar dois fatos: que todos teremos de lidar com a morte, nossa e de outros – e que nós sofreremos inevitavelmente com isso.

Provavelmente não seria inteligente não morrer, a vida eterna seria muito cansativa. Mas, com certeza, não é inteligente morrer antes de morrer. Por isso, um texto sobre a morte é inócuo, a não ser que seja uma conclamação à vida. Viver de verdade é a única garantia de que, quando chegar a hora, tenhamos mais curiosidade que medo, como aconteceu com Daisy Fuller.
O que você achou deste texto? Comente!!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Amor Impossível




Se você ama alguém que não lhe pode corresponder, lembre-se daqueles que não têm um amor ao menos para chorar suas lágrimas. Se o amor é uma conquista, alguns ainda não a alcançaram.

Se a pessoa que você ama já tem compromisso, evite viver uma relação paralela que poderá machucar seu coração. Nossos sentimentos comandam nossa vida, deixá-los à deriva é perigo para nossa própria sobrevivência.

Ninguém que se aventura numa relação paralela consegue dela sair sem marcas. Os motivos que levam alguém a tal aventura geralmente se enraízam em vidas passadas.

Quem ama nem sempre consegue correspondência com o ser amado. Às vezes nos deparamos com os amores platônicos ou não recíprocos. Respeitar os limites do outro é fundamental para nosso equilíbrio psíquico.

Quando você se deparar com um amor proibido atravessando seu percurso de vida, olhe para si mesmo e conscientize-se de que você não merece pagar preço tão alto por uma ligação que não possa ser postergada.

Se o seu amor não é correspondido ou é platônico e o outro não sabe nem lhe dá atenção, não espere que um milagre resolva a situação. Lance-se ao seu próprio destino buscando realizações superiores.

Não lamente a saída de alguém de sua vida. Reenquadre a posição que você deve ocupar na vida perante o futuro, sem aquela pessoa. O outro que saiu, apenas desocupou o espaço por você constituído. Permita que algo nobre ocupe devidamente aquele lugar.

Se você se encontra em solidão, observe à sua volta e verá que, mesmo acompanhada, muita gente está só. A companhia do amor é a paz da consciência e o pensamento voltado para o futuro.

Por contingências reencarnatórias, o amor entre duas pessoas poderá estar separado pelos laços de parentesco, pelo compromisso do outro, por expiações ou pela preferência sexual. Nesses casos, aja com cautela e equilíbrio, considerando que a separação imposta pela vida representa processo educativo em curso.

Muitas vezes tetantamos colocar num ponto máximo de nossa vida, o amor a uma pessoa em lugar do amor a Deus, à vida ou, até mesmo, a si próprio. Esse amor exagerado tende a anular
quem a ele se entrega.

Em determinada fase de nossa vida nos encontramos com um outro que inunda nossa consciência alojando-se sem pedir licença, parecendo ser a única razão de existirmos. Muitas vezes se trata de fascinação movida por carências não atendidas. Valorização de si mesmo e autoestima, são fundamentais para o reequilíbrio psíquico.

As barreiras da posição social, do nível intelectual e outras erigidas pelo preconceito, são contingências que nos ensinam a grandeza da vida verdadeira, da qual somos originários e para a qual voltaremos como espíritos.

Se o amor possível está difícil, o impossível merece a nossa cautela para não se tornar uma armadilha cármica a nos aprisionar na teia das reencarnações expiatórias.

O amor não-amado, Jesus, soube entender os homens, face à ignorância espiritual da humanidade. O seu amor é o amor possível e libertador.

O amor não correspondido é aquele que devemos esquecer a fim de buscarmos outro amor, que preencherá nossa vida de felicidade e paz. A fixação nele é porta aberta à obsessão e a anulação de si mesmo.

O amor impossível nos aprisiona e nos faz estacionar diante da vida. Sua presença em nossa consciência e em nosso coração, impede-nos de crescer e evoluir.

Se não conseguimos realizar o amor que nos parece o máximo de nossa vida, lembremo-nos que um outro amor pode estar a nos esperar do outro lado da vida, confiante em nosso amadurecimento antes da partida. 

O amor dos entes queridos, que nos antecederam na viagem de retorno ao mundo espiritual, bem como daqueles que pertenceram ao nosso passado reencarnatório, estará sempre presente em nossas vidas na medida em que permaneçamos trabalhando em favor do amor e para que o amor alcance os que dele carecem.

Amanhã poderemos estar diante de algo muito importante do que aquele amor que nos impede o crescimento. Na manhã seguinte, certamente o dia poderá ser mais acolhedor. Acredite no amor possível, é ele que nos faz crescer.

Jesus nos ensinou que o amor é sempre possível àquele que pensa no bem.

Adenáuer Novaes


(Capítulo 8º, do livro Amor Sempre, editado pela Fundação Lar Harmonia)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Reação Pacífica


Estes são dias de desequilíbrio.
O medo galvaniza os homens.
A onda dos crimes cresce a cada hora.


No entanto, a agressividade e a violência que dominam as preocupações do mundo hodierno, a par das causas de natureza extrínseca, têm, no próprio homem, o caldo de cultura em que se desenvolvem, assustadoramente.

Enquanto os especialistas dos diversos ramos do conhecimento tentam deter os efeitos da violência, que irrompe, voluptuosa, em toda parte, mergulhando o pensamento nos fatores causais sócio-econômicos, sócio-políticos, sócio-culturais, psicológicos e de outras ordens, o egoísmo é a grande geratriz dos males que afligem a Terra...

Em conseqüência, o Evangelho de Jesus vivido pelo Espiritismo, em espírito e verdade, é o anticorpo de urgência para a calamidade virulenta que ameaça as estruturas sociais da atualidade.

Não somes ao volume dos desequilíbrios vigentes as reações negativas que traduzam desassossegos internos.

Estabelece as diretrizes de paz interior, a esforço de prece e sacrifício, de modo a poderes minimizar a problemática afligente.

Evita o comentário pernicioso e não difundas a informação malsã.

Apaga o fogo da ira com a água da resignação.


Asserena as ansiedades pessoais, impedindo-te o desespero.


O servidor do Cristo está, na Terra, para o excelente mister de produzir a harmonia entre todos.

Agredido, não ataca; acossado, não investe contra, porfia; sofrendo, não promove a revolta, vence-a.

Estância de paz, torna-se veículo do otimismo, contribuindo valiosamente para a mudança da paisagem em agonia da atualidade.

Harmoniza-te em Jesus e esparze esperança, constituindo-te fortaleza contra o mal, lição viva de confiança, lentamente transformando o meio onde te encontras situado, de modo a vencer pela resistência pacífica a onda de provações necessárias para a Humanidade neste momento de transição histórica.

O egoísmo é o inimigo poderoso contra o qual todos devem voltar-se com disposição de ânimo e decisão.


Insculpindo n’alma as bênçãos da caridade, serão superados todos os fatores perturbantes que afetam o homem, e a violência como a agressividade serão banidas da Terra em definitivo.


Entrega-te, portanto, a Jesus e nele confia, “não fazendo ao teu próximo, o que não desejares que ele te faça”.


Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, do Livro Alerta, Editoral LEAL.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mais um Pouco


Quando estiveres à beira da explosão na cólera, cala-te mais um pouco e o silêncio nos poupará enormes desgostos.

Quando fores tentado a examinar as consciências alheias, guarda os princípios do respeito e da fraternidade mais um pouco e a benevolência nos livrará de muitas complicações.

Quando o desânimo impuser a paralização de tuas forças na tarefa a que foste chamado, prossegue agindo no dever que te cabe, exercitando a resistência mais um pouco e a obra realizada ser-nos-á bênção de luz.

Quando a revolta espicaçar-te o coração, usa a humildade e o entendimento mais um pouco e não sofreremos o remorso de haver ferido corações que devemos proteger e considerar.

Quando a lição oferecer dificuldades à tua mente, compelindo-te à desistência do progresso individual, aplica-te ao problema ou ao ensinamento mais um pouco e a solução será clara resposta à nossa expectativa.

Quando a idéia de repouso sugerir o adiamento da obra que te cabe fazer, persiste com a disciplina mais um pouco e o dever bem cumprido ser-nos-á alegria perene.

Quando o trabalho te parecer monótono e inexpressivo, guarda fidelidade aos compromissos assumidos mais um pouco e o estímulo voltará ao nosso campo de ação.

Quando a enfermidade do corpo trouxer pensamentos de inatividade, procurando imobilizar-te os braços e o coração, persevera com Jesus mais um pouco e prossegue auxiliando aos outros, agindo e servindo como puderes, porque o Divino Médico jamais nos recebe as rogativas em vão.

Em qualquer dificuldade ou impedimento, não te esqueças de usar um pouco mais de paciência, amor, renúncia e boa vontade, em favor de teu próprio bem-estar.

O segredo da vitória, em todos os setores da vida, permanece na arte do aprender, imaginar, esperar e fazer mais um pouco.

Xavier, Francisco Candido. Da obra: Apostilas da Vida. Ditado pelo Espírito André Luiz. 5 edição. Araras, SP: IDE. 1993.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Mudar? Nunca!


Viktor Frankl, o famoso psiquiatra vienense, disse que a coisa mais importante que a psicologia pode e deve fazer é impressionar-nos com nossos próprios poderes, principalmente nosso poder de mudar e crescer.

Eu resisto à mudança. E você? Não há problema em admitir isso. Eu e você estamos confortáveis em nossa rotina. Isso não quer dizer que não possamos mudar: simplesmente não estamos dispostos a fazê-lo. Nem todas as mudanças são ruins. Nós simplesmente não queremos sair de nossa zona de conforto para experimentá-las.

Nada acontecerá na sua vida enquanto você não fizer acontecer – depende de você.

A coisa que mais me entristece ouvir outra pessoa dizer é: “É assim que eu sou. Eu sou assim desde pequeno, sou agora, e sempre serei”. Tenho vontade de protestar: “Oh, não, por favor, não diga isso. Nem pense uma coisa dessas”. Acredito na mudança com todos os músculos, fibras e células de meu ser. Todos somos capazes de mudar.

Permanecer na zona de conforto significa não se esforçar, não mudar, não arriscar fazer uma viagem através de águas desconhecidas. Mas isso só funciona enquanto você não acorda e vê o que está perdendo: a excitação de soltar as amarras, de aceitar apenas o que realmente o faz feliz. O grau de risco que você assume determina o grau de excitação que experimenta. Não estou me referindo a riscos ridículos, como dirigir o carro na contramão. Falo de riscos produtivos que o fazem chegar mais perto daquilo que de fato quer. Que o faz crescer.

Felizmente nem tudo está perdido!
Há esperanças!

O crescimento entendido como um processo permanente de desenvolvimento e aprimoramento dos potenciais e das habilidades adquiridas, é a alternativa para quem deseja reverter situações adversas e prosperar.

Entretanto, é comum fazer-se uma pergunta a respeito do crescimento pessoal: Qual a razão maior para a acomodação e letargia? A resposta para ir direto ao ponto, pode ser encontrada na analogia com o “bonsai”. Delicada e de beleza plástica inigualável, a arte do “bonsai” pacientemente cultivada pelos japoneses, resulta em uma árvore adulta contida em um pequeno vaso, para ser admirada pela pessoa em sua sala de estar. O crescimento limitado do vegetal é determinado por um tratamento detalhado, sendo o espaço de enraizamento o mais importante dos cuidados. O “bonsai” é pequeno, porque o espaço físico para o crescimento é limitado. Nele, a árvore amadurece, mas não cresce como seria normal se plantada em um amplo terreno.

Crescer é soltar as amarras (a vontade), decidir-se por um ponto a ser alcançado (o objetivo), acelerar os motores e manter firme o curso .... para vencer!

A vida recompensa a ação. Entrar em ação para alcançar sua maior meta é uma das coisas mais fantásticas que você pode fazer por si mesmo.

Equivocadamente, muitas pessoas descuidam do seu crescimento, perdendo, a cada dia, valiosas oportunidades de prosperarem. Tornam-se, com efeito, vítimas da própria imprudência e lamentam “a falta de oportunidades” e sorte.

É voz corrente na sabedoria popular que “para os fracassos, temos justificativas e para o sucesso temos histórias!”

Então pare de justificar-se e comece a mudar, arrisque-se e cresça!

Hoje é o melhor dia para iniciar as mudanças que deseja. Você pode transformar a sua saúde, sua vida social, seus relacionamentos, seu desempenho no trabalho, sua disposição com relação aos outros, sua situação financeira e suas oportunidades profissionais. Você pode mudar sua vida! Se quiser mudar, tudo se transformará para você.

Não tente modificar o que está fora do seu alcance; mude o que está dentro da sua cabeça e do seu coração. No futuro, quando sofrer infortúnios ou adversidades, encare a situação de outra maneira. Não deseje que a sua vida seja mais fácil, decida-se estar intelectualmente melhor equipado para lidar com os altos e baixos por meio do desenvolvimento pessoal. Não deseje menos dificuldades, decida-se a alimentar mais talentos e habilidades para poder sair-se melhor nos novos desafios.

Arrebente a parede do vaso que atrofia suas raízes e o impede de crescer. Adote a mudança, você criará sua própria sorte. É você que controla sua vida e seu destino final. Nada acontecerá na sua vida enquanto você não fizer acontecer – depende de você. São suas decisões e seus atos que dão forma ao seu futuro. Você decide: Ser um bonito e delicado bonsai ou um frondoso e forte Carvalho.

Daniel C. Luz