terça-feira, 28 de junho de 2011

TERAPIA DA SOLIDARIEDADE



A senhora, culta e nobre de sentimentos, dispondo de algum tempo livre, resolveu aplicá-lo de forma útil.


Como o índice de suicídios na cidade onde residia era elevado, dedicou-se ao edificante trabalho de atendimento do S.O.S-Vida, serviço telefônico para os candidatos ao autocídio.


Submeteu-se ao treinamento e, três vezes por semana, dedicava duas horas deseu dia, à relevante tarefa.


Em uma ocasião, foi surpreendida por uma voz feminina amargurada e nervosa, que dizia: “pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicar minha decisão a alguém. Por isso, estou telefonando.”


Fiel ao compromisso de não interferir no drama do cliente, manteve-se serena, indagando: “acredita que eu possa lhe ser útil?”


Com azedume, a paciente reagiu: “ninguém pode ajudar-me, nem o desejo.

Odeio o mundo e as pessoas.

Sou uma infeliz e pretendo encerrar esta existência vazia.”

Como a senhora permanecesse em respeitoso silêncio a sofredora continuou sua narrativa.

“Sou rica. Resido em uma bela mansão, no melhor bairro da cidade.

Tenho dois filhos: um homem e uma mulher, ambos casados e pais, que já me deram quatro netos.

Sou membro da alta sociedade, freqüento ambientes luxuosos e requintados.

Tenho tudo o que o dinheiro pode comprar.

Mas sabe o que mais me irrita?

Pois eu lhe digo: em minha casa disponho de duas linhas telefônicas.

Sempre que a campainha soa e vou atender, trata-se de ligação errada.

Ou seja, ninguém se preocupa comigo.

Terminados os encontros formais, sociais, ninguém é meu amigo!”

“Então” – interferiu a senhora com habilidade – “permita-me telefonar-lhe uma vez ou outra.”

“Com qual interesse?” – perguntou a outra incrédula.

“Eu necessito de uma amiga.” – respondeu serenamente.

Fez-se silêncio por um instante.

“Mas você não me conhece.” – redargüiu, mais calma, a sofredora.

“Isso não é importante. Vou conhecê-la depois.

Forneça-me o número de seu telefone, por favor.” – insistiu a senhora.

“Não tenho o hábito de dá-lo a estranhos.” – respondeu um tanto contrariada.

“E como deseja, então, que a procurem?”

Depois de um instante de hesitação, ela cedeu e informou seu nome e número telefônico.

Dois dias depois, a atendente telefonou para a desconhecida.

Conversaram sobre assuntos gerais.

A experiência repetiu-se muitas vezes.

Após alguns meses, resolveram conhecer-se pessoalmente em um café, e se tornaram amigas.

Hoje, ambas trabalham no S.O.S-VIDA e o telefone, quando toca, é alguém pedindo socorro, no que sempre é oferecido com carinho.

Aprendeu a amar.

Tornou-se útil e solidária.

Curou-se da solidão que a consumia e torturava.

***
Recebe amor aquele que o doa.

Muitas vezes não o recebe da pessoa a quem o oferta. Isso, porém, não é importante, desde que ame.

A solidão é doença que decorre do egoísmo.

Quando alguém se dispõe a sair da concha do “eu”, enriquece-se de amor e de solidariedade.

Fonte: Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro “Sob a Proteção de Deus”, de Divaldo Pereira Franco, texto ditado pelo Espírito Ignotus, cap. “Terapia da Solidariedade”, pp. 23/25, ed. Leal, 1994.

Um comentário:

Kiaki disse...

Um dia pensei em por fim em minha existência aqui a terra, ai refleti: tirar a vida deste corpo não irá por fim nas minhas questões existenciais, pois, elas fazem parte da minha vida eterna, do meu viver, da minha eterna busca do conhecimento.

Nunca mais pensei em cometer tal injúria. Sei que influência de bons espíritos, inclusive do meu amado pai.

Hoje quero servir, não sabia como começar, ou tinha medo de não dar certo. Esta mensagem de minha amiga respondeu minha busca. Vou fazer o treinamento, se assim Deus permitir, para ser voluntária no Plantão da Paz.

Abraços fraternos.

Kiaki